Auto-retrato II



Vivo com a crença estranha

de que nasci morta

e fiz a opção precoce

plas ruas escuras

de la Calle de l’Amargura de Cáceres

à de los Tigres de Martín del Castañar.

Parasita de quem me deita a mão,

fantoche presa por fios,

como se foram tubos

de alimentação artificial,

vivo da generosidade alheia

de quem me dá poesia

por pão ou rosas, Salvé rainha,

nascera eu a 19 de Maio de 1980

e poderia chamar Mário de Sá-Carneiro, meu doce irmão.

Nasci mesmo em 1966

aos doze dias do mês de Junho

sem par,

filha única

«tenho minha casa para olhar»




 2010-2011 (Averno 039)